Vó Mariza

Exibindo 1.jpg Hoje é dia dela, Exibindo 2.jpg


que gosta de tudo verde, é apaixonada por futebol e pelo Atlético e ia pro estádio escondida com a desculpa que tava na casa da mãe. Vó que, não se contentando em só olhar, também escreve - em português e francês, olha só. Vó que gosta de acompanhar o jogo pelo rádio e assobia pro adversário errar o saque ou o pênalti, dá presente pros lixeiros e fala pra eles visitarem o blog dela (minha vó tem blog gente!!!). Que fala que pendrive é coisa de louco, “como que cabe milhões de coisas nesse negocinho aí?” e eu acho graça, apesar de também não saber.
Vó, eu sempre gostei de você não ser o papel que te foi colocado. Não parecer a vó da cadeira de balanço fazendo crochê, afinal “isso é coisa de doido”, você diz olhando os bordados, “eu tava doida quando eu fiz isso.” Você fala que eu pareço a sua irmã que atravessou a rua jogando tudo pro alto e não ligava pra essas ~convenções sociais~ , mas eu acho que nós somos todas assim, cada uma jogando os papeis pra cima da sua maneira.
Você sempre detestou bagunça, que coisa agora eu morar com você, né? Desculpa por deixar as portas do armário abertas e as moedas no chão, acho que é uma boa analogia pra não conseguir se conter. E eu gosto muito de, do meu quarto, escutar você cantando comme d’habitude e tocando em frente - essas músicas sempre vão me lembrar você.
Hoje ela tá fazendo trinta e nove anos, como todos os anos desde quando ela fez de fato trinta e nove. Vó, se eu fosse como você, pegasse dois ônibus pra aula de francês, escrevesse como você escreve e cortasse meu próprio cabelo desse jeito eu não teria vergonha nunca. Parabéns!!! Tenho que admitir que você tem tudo mesmo, mesmo que naquele dia você não tivesse giz.


Carolina
21.09.2016

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